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Entrevistado(a): Maria Anselmo dos Santos

1 - Bibliografia do entrevistado(a):

Data de nascimento: 23 de julho de 1946.

Nasceu no interior de Minas Gerais em Divinolândia.

É a filha mais velha de dez filhos.

Em 1963 veio para Contagem na busca de uma vida melhor.

Morou nos bairros Cidade Industrial, Novo Riacho, e Fonte Grande.


2- Dados sobre a vida profissional:

Trabalhou na roça cuidando de vacas de fazendeiros vizinhos.

Seu primeiro emprego em Contagem foi de empregada doméstica.

Trabalhou como cozinheira em seu restaurante.


3 - Entrevista completa de Maria Anselmo dos Santos:

"Minha história é feita de muita luta e muito esforço. Meu nome é Maria Anselmo. Nasci em 23 de julho de 1946. Sou natural de uma cidadezinha de 7 mil habitantes no interior de Minas Gerais com o nome de Divinolândia, próximo a Governador Valadares. Sou a filha mais velha de dez filhos, destes quatro morreram quando criança.

Meus pais não tiveram acesso à escola, mas sabiam assinar o próprio nome, sempre trabalharam em fazendas da região. Como filha mais velha tinha o dever de cuidar da casa e dos irmãos menores. Quando minha irmã completou 9 anos ela assumiu a casa e eu saí de casa para trabalhar na roça cuidando de vacas dos fazendeiros vizinhos.

Em 1963 meu pai veio para Contagem na busca de uma vida melhor. Aqui ficou por 3 meses na casa de parentes e posteriormente trouxe o restante da família. Em Contagem meu primeiro emprego foi de empregada doméstica. Em 1967 me casei com José Araújo Batista e meu nome passou a ser Maria Anselmo Batista. Tive três filhos: Jubran Anselmo Batista, Carlos Galhardo Batista e Adriana Anselmo Guimarães. Eu me desquitei em 1986. Em Contagem morei em três bairros: Cidade Industrial, onde construí minha casa. Novo Riacho, onde comprei um apartamento e quando me aposentei comprei um terreno no bairro Fonte Grande, onde construí minha casa e mais dois barracões de aluguel.

Eu sempre trabalhei como cozinheira no meu restaurante no Bairro Cidade Industrial. Como na região possuía muitas empresas e indústrias, a área de alimentos me chamou a atenção. Eu comecei servindo lanches e café, mas como muitos fregueses me pediram para servir almoço, comecei a fazer comida também. E assim trabalhei por 30 anos da minha vida.

O principal serviço oferecido pelo restaurante era o prato feito ( popularmente conhecido como P.F.) e marmita de alumínio, (que na época era fornecida pelo freguês). O pagamento era feito de 15 em 15 dias. as despesas eram anotadas em um caderno ( cada freguês tinha uma página com seu nome). A Editora Alterosa, especificamente, fornecia um vale alimentação aos funcionários, e no final do mês eu trocava por dinheiro na própria empresa. O cardápio era de comida simples e caseira com arroz, feijão, carne e verdura, às sextas feiras era servido feijoada e às segundas feijão tropeiro. Aos finais de semana o restaurante não funcionava. Também era servido no restaurante refrigerantes, cerveja e cachaça, o cafezinho era cortesia.

Eu fazia as compras na Avenida Amazonas, no bairro Cidade Industrial e no JK, que era a maior região comercial de Contagem . Hoje em dia, o JK ainda tem vários comércios, porém perdeu a importância para a Avenida João César de Oliveira, no Eldorado. E a Cidade Industrial , na Avenida Amazonas, não possui mais nenhum comércio.

Eu pagava meus fornecedores quinzenalmente, porém meu marido se ocupava dos pagamentos porque “não ficava bem” mulher casada frequentar banco. Na década de 1980, a hiperinflação quase fechou meu restaurante, os custos aumentaram muito e era difícil repassar os preços, mas persisti e continuei o negócio.

Eu trabalhava muito e não tinha muito tempo para o lazer, raramente aos domingos ia com os meus filhos na praça ou circo. Mulher casada, mesmo acompanhada do marido não era bem-vista em ambiente festivo .

Na Cidade Industrial no início do restaurante, só havia dois bancos. Em Contagem havia postos de saúde, porém se precisasse de médico especialista não tinha. Éramos encaminhados para Belo Horizonte no posto Campos Sales, no bairro Gameleira.

Sou grata a Deus por ter conseguido criar meus filhos e comprar algumas propriedades, fazendo com que meus filhos tenham casa própria, e minha filha mais nova ter conseguido se formar em Direito. Tudo fruto do meu trabalho na Cidade Industrial"



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